Gestão de resíduos

Tratamento de efluentes: o que fazer com os resíduos?

3 de setembro de 2025

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Resultantes das atividades industriais, os efluentes são resíduos que acabam descartados no meio ambiente. Por causarem impacto no ecossistema, o tratamento de efluentes é uma parte crucial do processo de preservação ambiental.

Essa prática visa diminuir os efeitos dos resíduos, seja na natureza ou na saúde da população. Dessa forma, o tratamento de efluentes busca eliminar ou reduzir a presença de poluentes antes que eles sejam descartados.

Neste artigo, você irá compreender como funciona o tratamento de efluentes e qual é a sua importância. Além disso, vai descobrir quais são os destinos possíveis para os resíduos. Continue a leitura para saber mais.

Como funciona o tratamento de efluentes

Estima-se que, anualmente, o Brasil produz 33 milhões de toneladas de resíduos industriais. Dessas, mais de 25 milhões de toneladas não têm o tratamento adequado.

Os dados demonstram o quanto a temática do tratamento de efluentes é urgente. No processo, é possível remover substâncias nocivas como sólidos suspensos, matéria orgânica, nutrientes excessivos e compostos químicos tóxicos.

O processo é essencial, pois, após a contaminação dos recursos naturais, é muito mais complexo e custoso fazer a remoção dos poluentes. Por isso, antes que eles atinjam rios, mares, ou até mesmo o solo, é preciso tratá-los.

Existem diferentes métodos para realizar o tratamento de efluentes. A primeira etapa é a de pré-tratamento, onde ocorre uma classificação de resíduos, separando os sólidos dos líquidos. Essa separação ocorre através de duas técnicas: a desarenação e o gradeamento.

A desarenação consiste em retirar a areia dos resíduos, através da sedimentação. Já o gradeamento utiliza grades de metal para separar resíduos sólidos maiores.

Concluída a fase de pré-tratamento, iniciam-se as outras etapas.

Tratamento primário

Nessa fase, diferentes tratamentos são feitos com produtos químicos. O objetivo é neutralizar os ativos poluentes presentes nos resíduos. Processos de floculação e decantação também podem ocorrer nessa etapa.

Tratamento secundário

No tratamento secundário, ocorre a remoção da matéria orgânica. Esse também é o momento em que o lodo é separado do restante dos materiais.

Tratamento do lodo

Essa etapa busca reduzir o volume de lodo e da matéria orgânica. O foco é tratar os materiais para que eles possam ser descartados ou utilizados para outros fins.

Tratamento terciário

A última etapa de tratamento garante que todos os elementos poluentes tenham sido eliminados. Dessa forma, é possível fazer a reutilização dos resíduos.

Destinos possíveis para os resíduos

Após o tratamento, surge a questão sobre o destino dos resíduos gerados nesse processo. A legislação permite que os efluentes sejam descartados, já que os elementos poluentes foram removidos.

A Lei Federal 12.305/2010, determina a Política Nacional de Resíduos Sólidos. A partir dela, é possível compreender qual deve ser o destino dos resíduos produzidos pelas indústrias. Já a Resolução nº 430, de 13 de maio de 2011 define as diretrizes para o tratamento dos efluentes e quais são as condições para o seu descarte.

Em geral, o lodo gerado na atividade industrial é depositado em aterros sanitários. Essa solução, apesar de permitida, não é sustentável.

Existem diversas abordagens para lidar com esse subproduto. Através delas, é possível transformar os efluentes de possíveis passivos ambientais em recursos. . Sua reutilização ou reciclagem são saídas mais interessantes para que os resíduos não sejam simplesmente descartados.

Entre as possíveis soluções, o lodo pode ser utilizado para gerar energia através da biodigestão. Essa possibilidade auxilia na transição energética, contribuindo para que novas fontes de energia sejam encontradas.

O papel da biodigestão anaeróbia no tratamento de efluentes

A biodigestão anaeróbia aproveita o potencial dos resíduos orgânicos industriais para transformá-los em energia. Esse processo envolve a decomposição biológica controlada da matéria orgânica, resultando na produção de gás e fertilizantes.

No caso do lodo, microrganismos anaeróbios quebram a matéria orgânica complexa, gerando, assim, o gás. A partir disso, o gás gerado pode ser utilizado como uma fonte de energia renovável.

Essa estratégia contribui para a redução da dependência de combustíveis fósseis. Além disso, também é possível gerar um fertilizante rico em nutrientes, que pode ser empregado na agricultura.

Existem diferentes vantagens de aplicar a biodigestão no tratamento de efluentes. Estas são algumas delas.

Diminuição de resíduos descartados em aterros

Os aterros sanitários são responsáveis por receber 58% dos resíduos no Brasil. Entretanto, 96% do que é descartado nesses locais não é tratado nem reciclado. A falta de cuidado com os resíduos depositados nos aterros pode levar à poluição do meio ambiente.

A liberação de poluentes no solo pode levar à contaminação de lençóis freáticos. Além disso, existe um limite de resíduos comportado por estes locais.  Ao utilizar os efluentes como fonte de energia, a quantidade de materiais enviados para os aterros diminui. Essa prática contribui para um descarte menor, além de reduzir os custos de manutenção dos aterros sanitários. Dessa forma, a biodigestão é bastante vantajosa e sustentável.

Redução da poluição

Ao criar energia limpa, a biodigestão auxilia para que a poluição diminua. A emissão do CO2 é a principal responsável pelos impactos do efeito estufa que resulta no maior aquecimento da terra. Em geral, as fontes de emissão do gás acontecem a partir da sua utilização como fonte energética.

Portanto, alterar a matriz energética e encontrar fontes mais limpas é essencial para evitar o colapso climático. Ao utilizar os efluentes, especialmente o lodo, como fonte, a biodigestão gera energia limpa.

Após a transformação, as fontes energéticas e derivados podem ser utilizados com diferentes finalidades.

Melhoria da saúde pública

Ao receber os resíduos e evitar que mais materiais sejam lançados no meio ambiente, existe uma melhora na saúde pública.

Os efluentes descartados podem ser prejudiciais e contribuir para a geração de doenças. A biodigestão evita que eles entrem em contato com a população. Dessa forma, os resíduos já são reutilizados antes de chegarem até o meio ambiente.

A redução no descarte também proporciona uma melhora na qualidade de vida. Afinal, os aterros sanitários, por exemplo, ocupam grandes espaços. Quando atingem sua capacidade, prejudicam o planejamento urbano. Com a reutilização do lodo, menos resíduos são enviados para aterros e mais espaço fica disponível.

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